terça-feira, 10 de setembro de 2013

UMA HISTÓRIA



O frio e cortante. O vento forte causa-lhe dor há um simples toque na pele. Treme muito. Sofre muito. Seu corpo doí. Aliás, nos últimos dias tais dores se tornaram constante. Não lhe dão um segundo trégua. Não são mais como antes, quando, iam e voltavam, agora não vão mais. Agora são parte dele. Para ele seu corpo agora esta dividido em: cabeça, tronco, membros e dores. Dores físicas e psicológicas, estas as que lhe doem mais.
A falta de alimentação dos últimos dias deixou-o cansado e fraco. Seu corpo esta totalmente, debilitado. Não é mais capaz de procurar um lugar para se proteger do frio. Um lugar quente onde seu corpo possa descansar e recuperar a força perdida. Por isso, encosta-se numa parede qualquer e fecha os olhos esperando adormecer. Espera que o sono lhe traga a energia necessária para continuar sua luta. Que o sono lhe traga o calor que seu corpo esta precisando para regenerar-se e ganhar vida.
Ele sente um calor envolver seu corpo. Começa a sentir-se bem, muito bem. De repente as dores se vão. Sente-se rejuvenescido. Não há mais frio. Mais dor. Mais medo. Agora está seguro de si. Está feliz.
Sente um cheiro muito bom. “É o cheiro de casa”, lembra ao abrir os olhos. Ao olhar à sua volta parece que nada mudou. Os filhos lhe abraçam, felizes. Sua mulher ao  longe lhe sorri. Sente uma paz acolhedora. Vê seus irmãos, seus pais, todos felizes por ele, todos lhe abraçando e beijando ternamente.
Sente-se feliz, como nunca havia sido antes. Então sorri.
“Agora acabou” pensa ele. “O período de dor e sofrimento acabou.” “Estou de volta a minha casa.” “De volta a minha família”. “De onde eu nuca deveria ter saído”.
A felicidade toma conta de si. Está em êxtase. De repente é envolto por uma forte luz. Uma luz tão forte que o deixa cego. Mesmo cego nada teme. Pois sente somente a felicidade de ter retornado ao seu lar. Nesse momento ele é só felicidade e paz.

No outro dia, um corpo foi encontrado junto a sarjeta, mas algo lhe chamava a atenção, no rosto, endurecido pelo frio, havia um sorriso de felicidade verdadeira e plena.

Marc Souza

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