- Eu vejo... Dor... Muita dor... Eu vejo... Oh! Meu Deus! Quanto
sofrimento... Não, não pode ser...
- O que o senhor vê? O que o senhor está vendo de tão horrível?
- Eu vejo guerras. Civis morrendo. Inocentes! Coitados, inocentes.
Estas palavras deixam todos preocupados, assustados tristes.
- Oh! – exclamam tristemente.
- Guerras estúpidas. Movidas somente pela ganância, pelo desejo de poder.
- Oh!!!
- O que mais, senhor? O que mais, o senhor vê?
- Desculpem, mas é horrível o que vejo... Deus! Tenha piedade destas
pobres criaturas. Tenha piedade!
- Mestre!?
- Vejo uma fila... Uma fila enorme... É um hospital público. Pessoas
estão jogadas pelos corredores. Sentem dor. Sofrem.
- Oh!!!
- Pobres pessoas... São pessoas sofridas, que precisam de ajuda, muita
ajuda. Algumas sucumbem à espera e morrem. Faltam funcionários... Faltam remédios...
Faltam médicos... É um completo caos...
- Oh!!!
- Oh!!!
- Oh!!!
- Silêncio! Silêncio! Eu... Eu, estou ouvindo tiros, muitos tiros... Quanto
desespero. Ah! Quanto desespero! Pessoas foram mortas. Assassinadas. Pessoas
boas. Que pena, pessoas boas, assassinadas pela violência. Famílias destruídas.
Acabadas. Para sempre. Para sempre.
- Oh!!!
- Vejo pessoas andando pelas ruas como zumbis. Trapos de gente vivendo em
função das drogas. Pessoas escravizadas. Pobres pessoas! Perderam tudo. Os
amigos, a família, o amor próprio. Perderam a vida. Roubam, matam se
prostituem, tudo para conseguir mais e mais drogas.
- Oh!!!
- Não tem casa. Trabalho. Ou sonhos. Perderam tudo. Perderam-se na vida.
Oh! Que pena! Que pena! Não... Não... Não quero mais...
-Mestre! Mestre! O que está acontecendo, com o senhor?
- O quê?
- Desculpem é que a imagem é muito forte.
- Oh!
- Vejo pessoas passando fome. Magras. Com corpos cadavéricos, se
alimentando muitas vezes com barro. É horrível. Horrível.
- Mestre desculpe, mas eu não acredito...
- Acredite meu filho! Acredite! Muitas pessoas não têm o que comer, sejam
crianças, velhos ou mulheres. Infelizmente muitos estão padecendo deste mal. Falta
comida. Falta emprego. Falta dignidade. É deprimente. Deprimente.
- Deprimente, e cruel.
- Vejo choro, muito choro. As crianças choram por estarem com fome. Os
adultos, seus pais, choram por não poderem dar aos filhos o que comer...
Pensamento terríveis assombram os pais. O pai pensa em roubar. A mãe em se
prostituir. Mas no fundo eles só precisam de um trabalho. Um trabalho digno. E,
na verdade, é só isso que eles querem.
- Oh!!!
- O que mais o senhor consegue ver, mestre?
- Eu consigo ver muitas coisas, meu filho. Muitas. Infelizmente não
consigo ver nada animador. Se é isso que você quer saber: “Desculpe, mas não
vejo a luz no fim do túnel”. “Não vejo o arco-íris após a tempestade”.
Infelizmente, não. Não há mais controle na maldade humana. Não há. Não há
saúde, segurança ou bem estar social. Tudo parece estar perdido. A população
está revoltada, acuada. O governo não cuida dela. E a corrupção na esfera
governamental aumenta a cada dia que passa.
- Mestre, isso é um caos. O senhor, que nos ajuda, que nos guia neste
caminho, diga-nos agora, o que devemos fazer para evitar que estas situações
descritas possam de fato acontecer?
- Isso mesmo, mestre, como?
- Como?
- Como?
- Como?
- Não há como evitar. Infelizmente!
- Como assim?
- Como?
- Como?
- Nada mais pode ser feito. Pois, esta escrito.
-Oh!!! – todos.
- Mestre, o que será da nossa família? O que será dos nossos filhos?
- Isso, mesmo! O que será?
- O que será?
- Desculpem, senhores, mas, preciso me retirar. Estou, muito, muito
cansado.
-Ah!!! - todos
- Com licença.
- Gente vocês ouviram o quê o mestre disse, o nosso mundo vai se tornar
um caos. Este mundo que conhecemos hoje não vai mais existir para os nossos
filhos. Estou muito preocupado.
- Todos nós estamos, mas, o que fazer? O mestre já disse que não tem
jeito.
- Isso mesmo! Ele disse que, tudo o que viu já está escrito.
- E não podemos mais fazer nada.
- Eu não vou desistir! Tem que haver uma solução. Sabem de uma coisa, e vou
perguntar a ele, como ele tem tanta certeza de que não há mais nada a fazer.
-Você esta ficando louco?
- Deve estar. Piradinho.
- Ele é o nosso mestre. Ele sabe de tudo, então, se ele disse que não da
para fazer nada. Não dá mesmo. Como ele disse: Está escrito! Pronto! Acabou!
Agora só nos resta de rezar.
- Eu não quero nem saber. Vou perguntar – dito isto ele vai até o mestre
que já esta na porta de saída – Mestre! Mestre!
- Pois não, filho!
- Mestre, o senhor nos descreveu hoje um mundo muito perverso. Com muito
sofrimento e dor...
- É verdade!
- Como o senhor pode ter tanta certeza de que não podemos fazer mais
nada, para evitar que isto ocorra?
- Porque está escrito?
- Onde? Onde está escrito. Onde o senhor viu?
- Nas páginas dos jornais, ora bolas. Que ignorância, heim! Vocês não
lêem jornal não... Você tem que se atuali... Agora danou-se!
Marc Souza
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