domingo, 1 de setembro de 2013

DECEPÇÃO AMOROSA


DECEPÇÃO AMOROSA

Não acreditava em amor à primeira vista. Na verdade ele sequer acreditava no amor. Até aquele momento, todos os seus relacionamentos nunca haviam dado em nada, e, ele, sempre saía machucado. Decepcionado. Por isso, definitivamente, não acreditava em tal sentimento.
            Até o dia em que ela apareceu. Linda. Doce. Meiga. Simplesmente maravilhosa.
Bem, não preciso dizer que foi amor à primeira vista. Quando a viu, sentiu seu coração bater descompassadamente. Sentiu aquele friozinho na barriga. Sua boca ficou seca. De repente ouviu os cantos dos pássaros e viu que as rosas do jardim ficaram mais cheirosas e coloridas. Estava perdidamente apaixonado. E, o que era melhor, era correspondido.
            Não acreditava no que estava acontecendo. Estava apaixonado. Estavam apaixonados. Dois jovens perdidamente apaixonados e felizes. Muito felizes.
            A partir daquele fatídico dia toda a decepção dos relacionamentos anteriores foram mortos e enterrados, e, o medo de amar foi totalmente dissipado. Estava pronto para amar novamente. Pronto para se entregar totalmente, de corpo, alma e coração.
            E foi o que ele fez. Entregou-se totalmente àquele amor.
            Ah, como estava feliz. Amava e se sentia amado. Por isso se sentia realizado. Começou, então, a fazer planos. Queria noivar. Casar. Ter filhos. Queria ser feliz.
            Um dia ao buscá-la em casa para um passeio no shopping a decepção. Ele descia pela rua todo feliz, quando de repente viu a sua amada no portão de casa. Ficou paralisado. Sua espinha gelou quando viu aquela cena. Decepcionado, voltou para casa e trancou-se no quarto.
            Depois disso ele ficou dias e dias trancado em silêncio. Não a recebeu. Não atendeu seus telefonemas. Nunca mais quis vê-la. Estava decepcionado.
            A partir deste dia ele teve a certeza de que não havia amor perfeito. Teve a certeza de que não havia amor à primeira vista. E, o que era pior, teve a certeza de que não nascera para amar.
            Anos depois, quando estava no silêncio do seu quarto frio, sozinho, ainda se lembrava da visão que tivera naquele fatídico dia. Ao fechar os olhos a via, toda feliz, toda realizada, com a camisa do seu time rival.

“Que decepção” pensava. “Que decepção”.

Marc Souza

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