Desde quando o mundo é
mundo, existem, três perguntas que permeiam a imaginação de pensadores e
estudiosos. Perguntas que norteiam
pensamentos, teses, estudos:
Afinal, quem somos? De
onde viemos? Para onde vamos?
Confesso que já me peguei
pensando sobre estas perguntas, no entanto, não tenho idéia de qual seja a
resposta correta (se é que há uma). Confesso também, que há muito, desisti de
entender ou buscar estas respostas.
Mas, hoje, há uma pergunta
que me aflige. Uma pergunta que, vez ou outra permeia os meus pensamentos, e,
até me incomoda: No que estamos nos transformando? Ou melhor, em que estamos
nos transformando?
Não da para negar que o
ser humano esta se desumanizando (se é que existe tal palavra). A cada dia que
passa esta ficando mais insensível, frio, distante. Principalmente no que diz
respeito aos seus relacionamentos pessoais, e por que não, seus sentimentos
para com outro ser humano.
Com o advento da internet,
aos poucos as distancias foram se encurtando, logo podíamos conversar com as
pessoas que estavam no outro lado do mundo em tempo real. Como se ela estivesse
do nosso lado. A distância transformou-se em um clique.
Que bom! Maravilha! A
internet, criou o primeiro remédio contra a saudade.
Então, vieram os telefones
com máquinas fotográficas e internet, e, os tão revolucionários smathphones. Em
segundos poderíamos nos comunicar com as pessoas amadas, e que é melhor,
poderíamos compartilhar dos nossos momentos felizes, com eles, mesmo estando
longe, através do compartilhamento de fotos, de vídeos, de mensagens de voz.
Benditas redes sociais! Bendito facebook, whatzzapp, dentre outros.
Benditas redes sociais?
Com a internet, houve uma
revolução no comportamento humano. Os relacionamentos começaram há, cada vez
mais, se transformarem em virtuais. Nasceram personagens. Pessoas tímidas
dobraram, triplicaram, quadruplicaram suas amizades. As conversas que para elas
eram difíceis, dolorosas, ficaram mais amenas atrás das telas dos computadores.
De repente eram populares.
Com a internet, e
principalmente, as redes sociais, o mundo mudou, se transformou. Os
relacionamentos aumentaram. As trocas de idéias. Os compartilhamentos de
sentimentos e claro, de informação. O mundo tão grande, ficou pequeno. Não há
limites! Não há distância!
Não há distância?
Não, não há distancia
destas medidas em kilometros, de repente, pessoas em Nova York, Tókio, São
Paulo ou Rio de Janeiro conversam entre si como se estivessem lado a lado. Mas
a distância entre as pessoas aumentaram. A distância entre os sentimentos. Cada
dia mais os relacionamentos pessoais se transformaram em relacionamentos
virtuais.
As conversas entre as
pessoas, seja amigos ou familiares, se resumem a cliques, a toques nos
teclados.
Quantas vezes vemos
pessoas que nos barzinhos, lanchonetes e até mesmo sentados nas calçadas de
suas casas ou de amigos, ao invés de conversarem entre si, ficam conversando
com seus amigos virtuais através dos seus smarthphones. Quantas vezes, seja no
almoço ou jantar, famílias inteiras trocam o bate papo sobre o dia a dia, por
conversas, compartilhamentos ou curtidas nos “facebooks” da vida.
E o que é pior; com os
celulares cada vez mais modernos e com suas câmeras cada vez melhores (sem
contar com a rapidez da internet), a busca por imagens exclusivas em locais
exclusivos, mudou ainda mais o comportamento humano. Levando uma grande maioria
a colocar suas vidas em risco. Tudo por uma boa imagem. “Meus amigos morrerão
de inveja!” – é o pensamento de muitos. Isto sem contar o desrespeito, que
muitos tem pela a vida alheia. Pelo ser humano. Em busca destas imagens as
pessoas estão fazendo de tudo, inclusive perdendo suas vidas.
Quantas vezes nós somos
surpreendidos por imagens fortes de acidentes ou situações vexatórias vividas
por terceiros? Quantas vezes nós somos surpreendidos por vídeos grotescos de
situações terríveis, que certas pessoas fazem questões de filmar e, o que é
pior, compartilhar?
E onde fica a dignidade
humana? Como fica os sentimentos que tais vídeos ou imagens hão de provocar? E
as pessoas envolvidas, como ficam? Como ficam os seus familiares, seus amigos?
Onde esta a complacência? Onde esta a consideração, o respeito pela vida e
sentimentos alheios? Onde está o amor ao próximo?
Trocou-se o mundo real pelo
mundo virtual. Um mundo onde “tudo pode”. Onde as pessoas se tornam mais
fortes, mais decididas. Um mundo onde na maioria das vezes elas se tornam os
heróis, mesmo sendo os vilões. Um mundo onde as pessoas são o que querem nunca
o que são. Um mundo permeado por personagens em busca de aceitação, em busca de
cliques e curtidas (sendo capazes de tudo para isso) e nada mais.
Muitas perguntas permeiam
a existência da humanidade. Mas nenhuma faz tanto sentido hoje em dia como
esta:
Afinal, em que estamos nos
transformando?
Marc Souza