terça-feira, 20 de maio de 2014

FLORES


Conto do Novo Livro, confira:

AMÉLIA



Não havia musica que Amélia mais odiava que: “Ai que saudade da Amélia”, não podia acreditar que existisse uma mulher como tal. E, o que era pior, não suportava as brincadeiras a que era obrigada a ouvir por causa do seu nome. Até por que ela era o oposto da Amélia da música. Ela era independente, lutava pelo o que acredita, por isso não escondia sua insatisfação quando alguém chegava próximo a si e começava a cantar: “Aquilo que era mulher...”.
Amélia acreditava na igualdade entre o homem e a mulher. Ou melhor, acreditava que o homem devia fazer de tudo para agradar a mulher. Não conseguia entender, nem aceitar uma música como aquela, musica que, para ela, em momento algum enaltecia a mulher por suas lutas, e sim, por sua acomodação, aceitação, subserviência ao homem. E isso era inadmissível. “Essa história de passar fome e achar bonito não ter o que comer. De mulher não ter vaidade. Não existe” – dizia.
Por isso vivia a criticar as mulheres que abdicavam da sua vida pelo marido, pelo casamento. “A mulher não é simplesmente uma máquina de fazer filhos e limpar a casa.” – afirmava.
Bonita, bem sucedida, Amélia namorara poucas vezes, com trinta e sete anos já estava ficando para titia, bem, ficando não já era titia. Todas as suas amigas de infância já haviam se casado.
Mas, apesar de mostrar-se casca dura, Amélia, era sim, uma mulher romântica. E como todas as mulheres românticas, sonhava com a chegada de seu príncipe encantado, que, montado em seu cavalo branco, a arrebataria e a levasse para seu castelo onde viveriam felizes para sempre. Um homem que viveria para lhe fazer feliz.  Que não gostasse de futebol, sem amigos e sem ex-namoradas. Que a trataria como uma princesa, ou melhor, como uma rainha.
“Este homem que você deseja, infelizmente, não existe” – diziam suas amigas. “Ou é o bar, ou o futebol, os homens nunca vêem sozinhos. Sem contar com aqueles que vêm com os dois”.
“Por isso que estou sozinha” – respondia – “Eu que não vou ficar em casa passando roupa enquanto o meu marido sai para jogar futebol ou beber cerveja com amigos. Não sou empregada de ninguém. No meu lar, serei a rainha. Vocês que são umas bobas, idiotas”.
Mas todas sabiam que tudo o que ela dizia era da boca para fora, em seu intimo Amélia se sentia triste e sozinha.
Um dia Amélia apareceu com uma grande noticia: Estava apaixonada, pois, havia encontrado o homem da sua vida, o seu príncipe encantado.
A princípio ninguém acreditou nela. Pensaram até em mandar interna-lá. Ela havia ficado louca. Afinal, achar alguém para chamar de príncipe, ainda mais para ela chamá-lo, com todas as suas exigências e manias era quase que um milagre. Ou loucura. Não que não acreditassem em milagres, mas, preferiram acreditar em loucura. Amélia estava louca.
Aos poucos o que parecia um delírio foi se tornando realidade. Amélia definitivamente encontrara o amor. E para provar isso, marcou um jantar com toda a família e amigos.
Todas estavam ansiosas para ver e conhecer seu príncipe encantado. Algumas diziam que ele deveria estar à beira da morte, outras que ele, deveria ser terrivelmente feio. Teve até quem achara que ele era gay e ela teria um casamento de aparências.
No dia do jantar todas estavam lá e preparadas para rirem de Amélia e ver seu príncipe da forma que ele realmente seria: Um sapo.
Más línguas. Más amigas. Invejosas. Incomodadas com a felicidade alheia. Não queriam acreditar que Amélia havia tirado a sorte grande e que, diferentemente delas havia encontrado um príncipe de verdade.
 Ele não chegou montado em um cavalo branco, mas, a sua beleza causou uma grande surpresa. A inveja começou, quando viram a sua postura e a sua educação. O “sapo” era um príncipe. Perfeito! O homem que Amélia sempre sonhara. O homem que elas acreditaram não existir. Ou melhor, existir somente na imaginação de Amélia.
Amélia tirara a sorte grande. Enfim, seria a rainha do seu lar, como sempre sonhara. Naquele dia, nenhuma de suas amigas conseguiu dormir, tamanha inveja que sentiam.
Dias depois; o casamento. Amélia, enfim, se tornara a rainha que tanto sonhara.
“Que inveja”. – pensavam as amigas – “Que inveja”.
Aquele fora o dia mais feliz de Amélia até então. E o dia mais difícil para suas amigas. O dia em que tiveram que aceitar que Amélia sempre tivera razão. Sempre estivera certa e elas... E elas... Corroíam-se por dentro...
Dias depois, querendo presenciar a vida de rainha que Amélia estaria vivendo, suas amigas se reuniram e foram visitá-la. Ansiosas para verem a Rainha que ela se tornara. Foram sem avisar, afinal era sábado à tarde, e quem sai aos sábados à tarde? Com certeza Amélia estaria em seu castelo com seu rei.
Então, aproveitando-se que seus “príncipes” saíram para jogar futebol foram elas, visitar a “rainha Amélia”.
Ao chegar à casa de Amélia, a surpresa: não havia castelo, não havia rainha. O rei havia saído fora jogar futebol com os amigos enquanto a “rainha” passava uma enorme pilha de roupas. E, o que era pior, Amélia em nada se parecia com a Amélia que estavam acostumadas ver. Ela estava com as unhas por fazer, os cabelos, que cuidava com grande esmero, chegando a gastar fortunas para mantê-lo sempre maravilhoso, aparentemente quebradiço, sem vida. Amélia tentou disfarçar, mas era tarde demais. O castelo, de areia, havia desmoronado.
Nesse momento suas amigas foram acometidas por um grande sentimento de: Felicidade. A inveja se foi. Aquele sentimento mesquinho que sentiam se dissipou. Não havia mais rainhas ou plebéias. Não havia mais conto de fadas, agora era a vida real. E se sentiram feliz por isso, mas, com uma pontinha de tristeza, afinal eram amigas de Amélia e a amavam.
A tarde foi maravilhosa, feliz. Tão feliz que até combinaram de se reunirem na próxima semana.
Ao deixarem à casa de Amélia, suas amigas, não puderam se conter, e, felizes, foram embora cantando: “Amélia não tinha a menor vaidade. Amélia que era mulher de verdade...”.

A amiga merecia essa homenagem.

Marc Souza


sexta-feira, 16 de maio de 2014

Conto: Este conto está no novo livro do Marc

O ATRASO



Ao olhar no despertador percebeu que estava terrivelmente atrasado. “Droga” - pensou ele levantando-se rapidamente da cama – “Se eu não for demitido hoje, não vou nunca mais”.
Em poucos minutos já estava na rua, quase correndo, procurando chegar no trabalho o mínimo atrasado possível. Era a terceira vez na semana que chegaria atrasado ao trabalho, o pior, é que seu chefe fora bem direto da ultima vez: “Da próxima, rua. Entendeu? Rua?”
Não via nada á sua frente, somente pensava em qual desculpa daria ao chefe.
“Que merda de despertador! Que merda!” – pensava. “Agora não tem desculpa, é rua”.
Conforme andava, mais ficava ansioso. Nervoso. Desesperado. Não podia perder o emprego, não agora. Mas tinha que concordar com o chefe, estava muito relaxado nos últimos dias, mas, não tinha culpa. Sua jornada dupla estava acabando com ele. Era trabalho e faculdade. Faculdade e trabalho. A correria era grande, e o tempo curto. Muito curto.
Andava cansado. Exausto. Ainda mais que estava em semana de prova, o que era pior.
Por isso, ele quase corria, olhando no relógio de tempos em tempos procurando ao menos estar errado quanto à hora. Mas, infelizmente, não estava errado, e seu atraso era real. E a perda do seu emprego... A perda do seu emprego, idem.
Depois de muito andar começou a perceber algo diferente. De repente deu-se conta que o movimento estava anormal. A rua, sempre movimentada estava vazia. Não havia movimentação das pessoas atrasadas para o trabalho, tampouco, de veículos. Na verdade a rua estava morta, sem movimentação alguma, sem contar que as primeiras lojas do centro, que àquela hora já deveriam estar abertas ainda estavam fechadas.
Olhou novamente no relógio. Uma, duas, três vezes.
“Não é possível será que meu relógio parou? Acabou a pilha? Não! Não! O ponteiro está funcionando perfeitamente, olha os segundos sendo marcados religiosamente”.
Olhou à sua volta, mas tudo estava tão anormal. Tão parado. Até parecia um...
Foi aí que percebeu o que realmente estava acontecendo, o problema não era o seu relógio, ou seu despertador.
Era domingo.

Então se sentiu tranqüilo, aliviado. Seu emprego estava garantido. Pelo menos até segunda feira.

Marc Souza


quinta-feira, 15 de maio de 2014

LANÇAMENTO


Leia mais um conto de Marc Souza


CONTO DE UM AMOR SEM LIMITES
         
Faltavam poucas horas para tudo, definitivamente, acabar. Poucas horas, então, tudo aquilo se transformaria em lembranças. Boas. Ruins. Mas, somente, lembranças.
De repente, tudo desapareceria. Para sempre. Todo sempre. As ruas. As casas. As praças. Tudo seria engolido pelas águas. Logo, a cidade transformar-se-ia em história. Submersa. Solitária no fundo de uma imensidão sem fim de água.
O progresso é cruel. Não há sentimentos, portanto, não há compaixão. O país precisa de energia elétrica. Precisa crescer. A usina hidrelétrica estava pronta. Em poucas horas as comportas se fechariam. E tudo o que ali estava, desapareceria por completo. Desapareceria para sempre. Tudo se transformaria em um mar de água doce. Um grande mar de água doce que traria conforto e progresso, para milhares, milhões de pessoas.
Por isso, a cidade estava fazia. Totalmente deserta. Só restavam lembranças. Histórias passadas. Vividas. Fantasmas de um povo, que viveu por centenas de anos, e, que foi obrigado a abandonar as suas casas. Seus lares. Suas vidas. Suas histórias.
No silêncio da cidade morta. Um barulho. Um barulho?
Dona Menina esta sentada em sua cadeira de balanço, na varanda de sua casa. O barulho é do balanço, que, incansável, vai de um lado para o outro. De um lado para o outro. De um lado para outro.
O tempo passa. Esgota-se. E dona menina a balançar. Alheia a tudo, dona Menina vai de um lado para outro, de um lado para outro.
Mas, há um problema, dona menina não esta alheia a tudo. Pelo contrário, dona menina esta muito ciente de tudo. Sabe que o tempo é curto. Sabe que em horas, tudo não passará de história. Lembranças do que um dia foi. Mas, mesmo assim, esta lá, sentada em sua cadeira de balanço indo e voltando, indo e voltando, a balançar. A esperar. Ela não espera a morte. Apesar da morte ser um ser iminente, ela, não a espera. Ela espera algo mais importante. Algo que esperou por sua vida inteira. E não arredará o pé, antes, que este chegue.
Vizinhos. Amigos. Os poucos familiares que lhe restaram. Até o prefeito veio até dona Menina a fim de persuadi-la a sair dali. Mas, em vão. Então, sendo mulher feita, consciente e sabedora dos infortúnios que aguardam-na, foi abandonada à própria sorte, ou, a sua própria vontade. Afinal só ela pode se salvar.
Aos 75 anos, dona Menina passara a sua vida inteira, ali, sentada na varanda a esperar. A olhar para o horizonte perdido. Em sua cadeira de balanço de um lado para outro, de um lado para outro.
Olhando o horizonte, relembra os bons e maus momentos que vivera. Lembra-se do amor de sua vida. Aquele a quem ela se entregou, de corpo, alma e coração. Aquele a quem amou todos os dias da sua vida. Aquele, que, por covardia, perdeu.
Olhando para o horizonte sem fim, espera. Espera a chegada daquele que foi o fruto do seu amor. Resultado de um amor que nem o tempo conseguiu apagar.
Dona Menina era jovem e bela, a mais bela da cidade. Naquela época era a única mulher na cidade com formação superior, fruto de vários anos na capital do estado. Bom partido, o melhor da cidade, vivia sendo cortejada pelos homens. Homens ricos, influentes. Homens considerados de bem.
Mas, dona Menina, não podia mandar no coração, aliás, ninguém consegue fazê-lo, por isso, apesar de inúmeros pretendentes, Menina apaixonou-se por um homem de fora da cidade. Um forasteiro como diziam, os moradores.
Foi amor à primeira vista.
De repente, estava apaixonada.
Estavam apaixonados. Perdidamente apaixonados.
A guerra começou. Todos eram contra o namoro de Menina, que brigou, lutou, fez chover, mas, não conseguiu demovê-los, não conseguiu a aprovação da família quanto ao seu namoro e as reais intenções de seu namorado.
“É um vagabundo!” – dizia o pai – “Uma pessoa sem eira nem beira.”
“Ele só quer brincar com você, Menina.” – completava a mãe – “Será que só você não vê?” “Será que você não percebe isso?”.
Mas, Menina não queria nem saber o que os pais diziam, por isso começou a encontrá-lo às escondidas, na calada da noite. Com a desculpa de ir à reza na casa de uma ou de outra amiga, saía e se encontrava com seu grande amor. Perdidamente apaixonada, entregou-se a ele, no dia, a que considerava o dia mais feliz da sua vida. O dia ao qual nunca se esqueceu. Mesmo com o passar dos anos. Os muitos anos, sem que nunca, por um dia sequer, se esquecesse daquele dia.
Um dia, a noticia, ele iria embora. Teria que ir embora. Por causa do seu envolvimento com Menina, ele fora despedido do emprego, e, ninguém, ninguém na cidade tinha coragem de lhe contratar, ou melhor, ousava contratá-lo, pois, todos tinham medo do pai dela.
Naquele dia ele estava triste, arrasado. Definitivamente acabado. Sem dinheiro e sem posses teria que ir embora. Deixar a cidade em busca da sua sobrevivência.
Pediu, para que Menina fosse embora com ele. Disse que a amava e queria casar-se. Menina pensou, pensou, mas não foi. Não teve coragem de abandonar sua vida, sua família. Amava aquele homem, era verdade. Amava-o mais do que qualquer pessoa pudesse imaginar. Mais do que a própria vida. Menina não conseguiu desafiar o pai. Não tinha forças para isso. Na verdade, não fora criada para isso.
Chorando, Menina viu-o partir. Para sempre. Viu seu amor, sua felicidade escapar pelos dedos das mãos como areia fina. Viu-o partir, para nunca mais voltar.
Aquilo foi demais para Menina, que passou duas, três semanas sem ao menos sair do quarto. Não conversava com ninguém. Não ouvia ninguém. E comia pouco, muito pouco. Comia o suficiente para manter-se viva.
De repente percebeu que algo estranho estava acontecendo com ela. Sentia fraqueza. Enjôos. De repente percebeu estar grávida. A princípio ficou feliz. Depois, desesperada. Grávida. Sem um marido. Aquilo seria seu fim. Uma vergonha, para si, e, principalmente para a sua família.
Devia ter ido embora, mas, não fora, agora, teria que enfrentar aquela situação de frente.
A noticia da gravidez caiu como uma bomba na família. Menina foi ofendida, humilhada pelos pais. Se perder a virgindade antes do casamento já era motivo de vergonha na família naquela época, imagina uma gravidez.
Dias depois, Menina e sua mãe deixaram a cidade com destino à capital. Para que Menina estudasse, disseram. Meses depois, ela deu a luz a um menino. “A cara do pai” – pensou – ao receber o filho pela primeira vez em seus braços. Nesse momento, chorou de alegria. Chorou, também, por lembrar-se dos momentos maravilhosos que vivera com o pai dele.
Após o nascimento da criança, Menina e a mãe viveram por um tempo na capital. Tinham uma vida boa, mas, silenciosa, Menina vivia quase o tempo todo em silêncio. Quase não conversava com a mãe ou com qualquer outra pessoa que viessem visitá-las. Vivia para o filho: Banhava-o, amamentava-o, dedicava-se completamente a ele. Que era a sua alegria. A única alegria que tivera, naquela infeliz vida.
Em uma manhã, sua mãe, pediu para ela arrumasse as malas, pois, voltariam para casa. Menina arrumou tudo e pôs-se a esperar, brincando com o filho que insistia a sorrir-lhe o tempo todo.
Horas antes de partir, uma tia chegou à casa. Friamente sua mãe pediu-lhe para a filha dar o menino à tia. A partir daquele momento ela seria a mãe do filho de Menina.
Aquilo deixou Menina desesperada. Ela chorou. Pediu. Implorou. Ameaçou fugir. Mas, não demoveu a mãe da decisão.
Sem qualquer ressentimento a tia pegou o filho dos braços de Menina e se foi.  A criança chorava desesperadamente, mas, nada fez com que desistissem de toda a maldade para com Menina e seu filho.
Ao ver o filho partir, Menina ainda correu atrás do carro onde estavam a tia e o filho. A tia parou o carro e por um minuto Menina olhou a criança chorando, que, ao sentir um leve toque das mãos de sua mãe no rosto, parou de chorar. Menina sabia que aquele seria a ultima vez que veria seu filho, então fez um pedido a tia; Pediu para que ela falasse ao seu filho sobre ela. Que dissesse a ele que ela o amava, e que ele nunca fora abandonado. Pediu a tia para que um dia ela o deixasse conhecê-la. Vendo o desespero da sobrinha ela aceitou. Fez-lhe uma promessa. E se foi.
Desde então Dona Menina vive ali, sentada a esperar. A esperar pelo filho que nunca veio. Não até aquele momento, mas ela sabia que um dia ele viria. Viria vê-la. Então abraçá-lo-ia. Beijá-lo-ia. Far-lhe-ia inúmeras declarações de amor.
Esperando pelo filho, Menina foi vivendo ali, dia após dia, todos os dias de sua vida.
Acompanhou a morte dos pais. Dos irmãos mais velhos. E esperou.
Sempre olhando o horizonte e a balançar. Vai e vem. Vem e vai. Sempre olhando o horizonte e a esperar. Esperar, pelo filho amado. Único fruto de um grande e verdadeiro amor. Único fruto, do seu amor.
E mesmo com a iminência da morte, não conseguia sair dali.
“E se ele viesse logo hoje – pensava – E não me encontrasse?” “Poderia achar que eu não o amo”. “Poderia pensar que eu realmente o abandonei”.
Nada passava na sua cabeça, além da volta do filho para os seus braços. Aquela criatura frágil, pequena, tão indefesa. Que agora, imaginava, seria um homenzarrão. Lindo, forte, cheio de saúde. Com uma família linda. Filhos. Netos. Logo ele estaria ali, no seu portão. Então, este, seria o dia mais feliz da sua vida. Mais feliz. Por isso, não podia sair dali, prometera que estaria a sua espera. Prometera. E promessa é dívida.
Não quebraria uma promessa. Principalmente a promessa feita ao seu filho tão amado.
De repente, no meio daquele silêncio todo, um barulho ensurdecedor. Depois, outro. E mais outro. O fim se aproximara. O fim da cidade. Da história. Dos sonhos. O fim de Dona Menina estava chegando.
Então, uma criança chega ao seu portão. Ela olha e sorri. Um sorriso lindo. Cheio de vida. O menino abre o portão e corre para os braços de Menina, que o abraça e o beija amavelmente.
- Eu sabia que você viria...  – diz ela aos prantos – Eu sabia.
Outro barulho, então, o fim! A água toma conta de tudo, sem dó, nem piedade.

Em segundos, tudo se esvai para sempre, submerso na imensidão azul de água doce.

Fim


Este texto faz parte do novo livro de Marc Souza: Fatos, Relatos, Boatos contos de Marc Souza.
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