sexta-feira, 16 de maio de 2014

Conto: Este conto está no novo livro do Marc

O ATRASO



Ao olhar no despertador percebeu que estava terrivelmente atrasado. “Droga” - pensou ele levantando-se rapidamente da cama – “Se eu não for demitido hoje, não vou nunca mais”.
Em poucos minutos já estava na rua, quase correndo, procurando chegar no trabalho o mínimo atrasado possível. Era a terceira vez na semana que chegaria atrasado ao trabalho, o pior, é que seu chefe fora bem direto da ultima vez: “Da próxima, rua. Entendeu? Rua?”
Não via nada á sua frente, somente pensava em qual desculpa daria ao chefe.
“Que merda de despertador! Que merda!” – pensava. “Agora não tem desculpa, é rua”.
Conforme andava, mais ficava ansioso. Nervoso. Desesperado. Não podia perder o emprego, não agora. Mas tinha que concordar com o chefe, estava muito relaxado nos últimos dias, mas, não tinha culpa. Sua jornada dupla estava acabando com ele. Era trabalho e faculdade. Faculdade e trabalho. A correria era grande, e o tempo curto. Muito curto.
Andava cansado. Exausto. Ainda mais que estava em semana de prova, o que era pior.
Por isso, ele quase corria, olhando no relógio de tempos em tempos procurando ao menos estar errado quanto à hora. Mas, infelizmente, não estava errado, e seu atraso era real. E a perda do seu emprego... A perda do seu emprego, idem.
Depois de muito andar começou a perceber algo diferente. De repente deu-se conta que o movimento estava anormal. A rua, sempre movimentada estava vazia. Não havia movimentação das pessoas atrasadas para o trabalho, tampouco, de veículos. Na verdade a rua estava morta, sem movimentação alguma, sem contar que as primeiras lojas do centro, que àquela hora já deveriam estar abertas ainda estavam fechadas.
Olhou novamente no relógio. Uma, duas, três vezes.
“Não é possível será que meu relógio parou? Acabou a pilha? Não! Não! O ponteiro está funcionando perfeitamente, olha os segundos sendo marcados religiosamente”.
Olhou à sua volta, mas tudo estava tão anormal. Tão parado. Até parecia um...
Foi aí que percebeu o que realmente estava acontecendo, o problema não era o seu relógio, ou seu despertador.
Era domingo.

Então se sentiu tranqüilo, aliviado. Seu emprego estava garantido. Pelo menos até segunda feira.

Marc Souza


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