Poesias, Contos e Crônicas de Marc Souza e mais, as principais notícias culturais do Brasil e do Mundo
terça-feira, 25 de março de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
segunda-feira, 10 de março de 2014
UM CONTO
Todos
os dias era a mesma coisa. Sentada no ponto de ônibus ela vivia a imaginar. Imaginava
uma vida melhor. Uma vida feliz, longe dos problemas e das dificuldades que
vivia diariamente. Imaginava viver um amor. Um grande amor. Sentada no banco
ficava a imaginar quando um príncipe encantado chegaria em seu cavalo branco
lindo, e, lhe arrebatasse para viver um lindo conto de amor. Um verdadeiro
conto de fadas.
Mas
todos os dias era a mesma coisa. Logo o ônibus pararia e ela voltava a vida normal.
Tomaria o ônibus lotado onde pareceria mais uma sardinha enlatada, andaria por
uma hora até chegar ao trabalho e, no final da tarde retornaria à sua casa,
sozinha, sem um amor. Sem viv’alma para conversar. Para desabafar. Para amar.
Como
não poderia ser diferente, naquele dia chegou dez minutos antes do ônibus. Mas,
algo aconteceu, algo diferente, pois, antes que ela se sentasse um belo carro parou
ao seu lado e um rapaz, fez-lhe um sinal. Ela ignorou-o, mas, ele insistiu. De
repente desceu do carro, e, sem dizer uma palavra sequer, abraçou-a e beijou-a,
apaixonadamente.
-
Todos os dias... Todos os dias passo por aqui e a vejo – disse ele - hoje,
tomei coragem, para dizer-lhe: Sou completamente apaixonado por ti. Eu te amo. – diz olhando em seus olhos.
-
Mas... Mas eu nem lhe conheço... Eu... Eu nem sei...
-
Eu te amo! Eu te amo! – grita ele chamando a atenção de todos que estão no
local. Então ele se ajoelha. – Oh, meu amor! Abro agora o meu coração. Eu te
amo! És a mulher da minha vida! A escolhida por meu coração, para amar por toda
a vida. Por isso agora dispo-me de todo o meu ser e lhe peço e lhe imploro,
venha comigo. Venha comigo e farei de você a mulher mais feliz do mundo.
Vendo
tão bela declaração ela da adeus a razão. Esquece o bom senso e se entrega ao
amor. Então ambos saem em disparada com o carro para viver um grande amor,
enquanto no ponto de ônibus todos batem palmas entusiasmadamente por
presenciarem tão belo momento.
A
felicidade toma conta de si. De repente ela se esquece de todos os seus
problemas, de todas as suas dificuldades, e dá as costas para a sua vida. Para
viver uma vida nova. Uma vida de esperança. De amor. Sente-se feliz. Pela
primeira vez na vida, sente viva. Isso mesmo sente-se viva. Sente o sangue
escorrer pelas veias, chega a ouvir seus batimentos cardíacos.
Feliz.
Uma felicidade contagiante. Uma felicidade verdadeira.
O
carro está a toda velocidade pelas ruas da cidade, então um carro cruza à sua
frente, que freia e buzina. Ela se assusta, e fecha os olhos, de repente, toda
a sua vida passa como um filme.
Silêncio
total.
De
repente outra buzinada.
Então
ela abre os olhos e nota algo diferente. Não há carro, não há acidente. Só o
ônibus lotado que parado à sua frente buzina.
-
Ei, sua maluca, você não vai ao trabalho hoje não? – grita o motorista.
E
tudo volta ao normal.
Marc
Souza
domingo, 9 de março de 2014
UM CONTO SOBRE O AMOR
Eram
casados havia muito tempo. E se amavam muito. Eram cúmplices na vida a dois.
Amigos inseparáveis. Esposos. Casal. Um casal feliz.
Apesar do tempo de casados, não tinham filhos. Na
verdade, a correria do dia a dia. O trabalho, os muitos compromissos
profissionais e sociais, não deixou a eles, sequer, tempo, para pensar em no
assunto.
Por isso, foram vivendo. Dia após dia. Mês após mês. Ano
após ano. Vivendo suas histórias de amor.
Um dia ela chegou em casa diferente. Queria conversar.
Conversar sobre filhos. “São os hormônios” – pensou ele. E nem deu atenção ao
que ela dizia. No entanto os dias foram passando e o assunto era sempre o
mesmo. Seja na hora do almoço, do jantar o na hora de deitar. Filhos. Filhos.
Filhos.
Ele tentou ignorar o máximo que pode, mas, sem paciência
com a leniência do marido, ela foi direto ao assunto. Queria ser mãe. Queria
ter um filho. Dois talvez. Queria algo com que se preocupar. Queria ter
responsabilidades. Queria ter alguém que ela pudesse cuidar, alimentar. Alguém
que seria seu bem mais precioso.
Após ouvi-la ele nada disse, somente abraçou-a e beijou-a
ternamente.
No outro dia, a surpresa; Ao chegar do trabalho ela
encontrou no meio da sala com um laço de presente no pescoço, um lindo filhote
de cão, que ao vê-la correu ao seu encontro esperando ganhar todo carinho de
mãe.
Ela amou o presente. Afinal a partir daquele dia
conseguira alguém para cuidar, para se preocupar, para amar. A partir daquele
dia, ela seria mãe. Mãe de um lindo e adorável cãozinho.
Uma
mãe, mas, mãe solteira. Solteira.
Marc
Souza
sexta-feira, 7 de março de 2014
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O HOMEM DOS SONHOS
Estava
totalmente destruída. Deprimida. Tudo havia acabado para sempre. Descobrira que
não tinha vocação para amar. Descobrira naquele dia que não tinha vocação para
o amor. Não. Daquele dia em diante se dedicaria há outras coisas. Pastoral da
Saúde. Pastoral da Juventude, bem não tinha mais idade para ser chamada de
jovem, mas e daí. Ou melhor, iria fundar uma ONG para corações quebrados.
Dilacerados. Destruídos por falta de amor.
Ah!
Que pena! Que pena!
Dias
atrás ela estava tão, mas tão feliz. Há dias atrás tinha a certeza que
encontrara um príncipe encantado. O amor da sua vida O homem mais perfeito do
mundo. E era só dela. Somente dela. Para sempre. Todo o sempre.
Há
dias, havia ter tirado a sorte grande afinal, onde encontrar um homem que não
gostasse de futebol. Não ia a bares. Não tinha amigos enchendo o saco o tempo
todo. Gostasse de comédias e filmes românticos. Um homem que tinha tudo incomum
com ela.
Definitivamente
tudo.
Eram
almas gêmeas. A tampa e a panela.
Eram
felizes. E assim seriam por toda a vida.
Gostos
iguais. Programas iguais. Não tinha nada que desse errado entre eles dois. Com
certeza haviam nascido um para o outro.
Ah,
que pena! Que pena, que tudo não foi um mar de flores. Que pena.
Agora
ela esta destruída. Acabada. Dilacerada. Seu coração apanhava, não mais batia.
Eram
iguais ele e ela. Ela e ele. Tinham muito em comum. Na verdade tinham tudo em
comum.
Gostavam
de novela. Filmes românticos. Comédias. Odiavam futebol. Não bebiam. Não
fumavam. Gostavam de passar a tarde passeando na praia. De ver o por do sol. De
teatro. Vôlei. Pilates. Ioga. Era perfeito, ou quase perfeito.
Afinal
eram iguais, em tudo, foi aí que a coisa ficou feia. Foi aí que o bicho pegou,
afinal, ela gostava de homem e ele também.
Marc Souza
quinta-feira, 6 de março de 2014
O ATRASO
O
ATRASO !?
Ao
olhar no despertador percebeu que estava terrivelmente atrasado. “Droga” -
pensou ele levantando-se rapidamente da cama – “Se eu não for demitido hoje,
não vou nunca mais”.
Em
poucos minutos já estava na rua, quase correndo, procurando chegar no trabalho
o mínimo atrasado possível. Era a terceira vez na semana que chegaria atrasado
ao trabalho, o pior, é que seu chefe fora bem direto da ultima vez: “Da
próxima, rua. Entendeu? Rua?”
Não
via nada á sua frente, somente pensava em qual desculpa daria ao chefe.
“Que
merda de despertador! Que merda!” – pensava. “Agora não tem desculpa, é rua”.
Conforme
andava, mais ficava ansioso. Nervoso. Desesperado. Não podia perder o emprego,
não agora. Mas tinha que concordar com o chefe, estava muito relaxado nos
últimos dias, mas, não tinha culpa. Sua jornada dupla estava acabando com ele.
Era trabalho e faculdade. Faculdade e trabalho. A correria era grande, e o
tempo curto. Muito curto.
Andava
cansado. Exausto. Ainda mais que estava em semana de prova, o que era pior.
Por
isso, ele quase corria, olhando no relógio de tempos em tempos procurando ao
menos estar errado quanto à hora. Mas, infelizmente, não estava errado, e seu
atraso era real. E a perda do seu emprego... A perda do seu emprego, idem.
Depois
de muito andar começou a perceber algo diferente. De repente deu-se conta que o
movimento estava anormal. A rua, sempre movimentada estava vazia. Não havia
movimentação das pessoas atrasadas para o trabalho, tampouco, de veículos. Na
verdade a rua estava morta, sem movimentação alguma, sem contar que as
primeiras lojas do centro, que àquela hora já deveriam estar abertas ainda
estavam fechadas.
Olhou
novamente no relógio. Uma, duas, três vezes.
“Não
é possível será que meu relógio parou? Acabou a pilha? Não! Não! O ponteiro
está funcionando perfeitamente, olha os segundos sendo marcados
religiosamente”.
Olhou
à sua volta, mas tudo estava tão anormal. Tão parado. Até parecia um...
Foi
aí que percebeu o que realmente estava acontecendo, o problema não era o seu
relógio, ou seu despertador, então um alivio tomou conta do sí.
Afinal,
era domingo.
De
repente sentiu-se tranqüilo. Feliz. Renovado. Seu emprego estava garantido.
Pelo menos até segunda feira.
Marc
Souz
quarta-feira, 5 de março de 2014
A PROPOSTA
Ele
estava louco.
Foi
o que todo mundo pensou quando o barman chegou na mesa com aquela proposta.
Proposta absurda por sinal. A princípio
todos se negaram a participar. Não iriam se aproveitar do pobre homem, que, com
certeza não estava no seu juízo perfeito.
Mas,
o barman insistiu. Insistiu. Insistiu, até que todos na mesa, não agüentassem
mais e resolveram participar da aposta sugerida pelo barman.
-
Deixe me ver se eu entendi – perguntou um – você vai jogar um copo contra
aquele poste e ele não vai se quebrar.
-
Exatamente – confirmou o barman.
-
Você tem certeza disso? – perguntou outro – Você esta normal... Quero dizer
você não está bêbado ou noiado? Você está sóbrio?
-
Totalmente sóbrio – respondeu.
-
Tudo bem, apostamos com você. Cenzinha de cada um de nós, contra cem seu,
combinado?
-
Combinado?
-
Para que não reste dúvidas entre nós, você jogará este copo contra aquele poste
e ele não se quebrará.
-
Isso mesmo.
Colocaram
as notas no meio da mesa.
O
barman pegou o copo de vidro olhou diretamente no poste e lançou-o com toda a
força. O choque do vidro contra o concreto do poste fez com que o copo se
quebrasse em vários pedaços.
-
Bem – começou um dos clientes – o que é combinado não é caro, não é verdade –
vai pegando o dinheiro do centro da mesa, mas é interrompido pelo barman que
toma o dinheiro dele.
-
Com certeza – diz sorridente – dê uma olhada ali no poste e veja se ele
quebrou.
Marc Souza
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