quarta-feira, 4 de setembro de 2013

RETRATO DE UMA VIDA



Por favor, não temas, não lhe farei mal.
Eu não sou vagabundo, nem um marginal.
Não lhe peço dinheiro, ou piedade.
Posso não parecer, mas, sou um ser humano de verdade.
Sei que estou imundo.
Mas, sou igual a todo mundo.
Não sou animal, apesar de viver como tal.
Talvez, minhas roupas sujas ou minha barba por fazer, lhe traga má impressão.
Pode ficar tranqüila, tenho coração.
Um coração, triste, machucado.
Chagado.
Mas não amargurado.
Vivo nas ruas, não tenho casa.
Não tenho trabalho, nem mesmo um amor.
Apesar disso, não sofro, não guardo rancor.
Como companhia; tenho a noite e o dia.
A lua e sol. O frio e o calor. O vento e a chuva.
Mas, não se iluda.
Eu não desanimo.
Pois, me vejo sorrindo.
Num futuro a chegar:
Eu no meu barraco, lindo, para me esquentar,
Com água quente para me banhar.
E eu bonito, podendo me cuidar.
Aí você comigo, não vai mais se assustar.
Mas por enquanto deixe-me aqui.
Não tenho para onde ir. Estou com fome.
Desculpe!
Não se assuste!
Mas, vou mexer no seu lixo, não queira me escorraçar.
Preciso me alimentar.
Depois. Irei embora, não vou nem olhar para traz.
Com certeza não nos veremos jamais.
Seja feliz e tenha muita paz.


Marc Souza

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