quarta-feira, 11 de setembro de 2013

REALIDADE


                            
De repente um tiro.
Medo.
Dor.
Cai.
“Não era para ser assim” pensa.
A dor aumenta, não consegue se mover.
Escuridão.
Imagens do passado vêm à sua mente.
Seu pai.
Sua mãe.
“Eu não posso deixar mamãe sozinha, não posso”.
Tenta novamente se mover... Em vão.
As imagens ficam mais nítidas.
Seu pai é assassinado por um policial inexperiente que o confundiu com um traficante.
Ele está só.
Precisa cuidar de sua mãe... Prometera ao pai.
Ele só tem doze anos.
Larga a escola. Vai trabalhar como engraxate. Não ganha muito, mas dá para se virar.
Novamente a escuridão.
Silêncio.
Mais imagens.
Agora está com dezesseis anos.
Procura emprego. As coisas estão mais difíceis.
Discriminação.
Cor: negra
Endereço: favela
Pai: morto, assassinado.
Grau de escolaridade: quinta série.
Sem estudo a coisa se complica.
Sua mãe é lavadeira de roupas, mas o serviço é pouco.
Ele se esforça fazendo bicos.
De repente um tiro.
Sua mãe no chão.
Gritos.
Gritos.
Choro.
Uma bala acerta a coluna de sua mãe. Ela fica paraplégica.
Sem dinheiro.
Desempregado.
Ele chora.
Desesperado pede ajuda.
Um traficante da área o ajuda.
Paga todo o tratamento de sua mãe.
De repente Gritos.
Tiros.
Revólver na mão.
Polícia no chão.
Ódio.
Revolta
Tiros.
Morte.
Ele tem dezoito anos.
Festa.
Alegria.
Agora, ele é o chefe.
É temido por todos, policiais, traficantes.
Imagens confusas.
Bela casa.
Sua mãe pede para largar tudo.
“Não posso” responde.
Ele vai embora.
Sua mãe, triste, chora, pois sente o início do fim.
De repente um tiro.
Confusão.
Medo.
Dor.
Escuridão.
Luz.
            Paz.

Marc Souza

(imagens de internet)

2 comentários:

  1. Que história triste! E pensar que ela acontece todos os dias... parabéns pelo texto, Marc!

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  2. História triste e bela. Breve relato de uma realidade mais que comum.

    11/09/2013 Carlos Henrique de Oliveira

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