Naquele dia bebeu
demais, além da conta. Os amigos fizeram de tudo para que ele voltasse para
casa de táxi, ou de carona, mas em vão. Ele entrou no carro e saiu em alta
velocidade, cantando os pneus. O ritmo da música, ouvida em volume máximo, era
o que ditava a velocidade do veículo.
De repente ele perde o
controle do carro e sai ziguezagueando pela a avenida, parando somente, ao
bater contra o acostamento. Apesar do
choque, ele está bem e após alguns segundos para se localizar e controlar as
emoções percebe que, nada de grave lhe aconteceu, pelo menos fisicamente. Então,
com dificuldade, sai do carro e o vê completamente destruído. Tenta lembrar o
que aconteceu para perder o controle do carro, mas, em vão. Não se lembra de
nada. Só sabe que esta ali, em frente a seu carro, completamente destruído,
sentindo fortes dores de cabeça e com vertigens, sem saber se ambas são resultado do acidente ou do excesso de
álcool.
Com dificuldade percebe
os giroflex das viaturas que aos poucos vão chegando ao local. São policiais e
bombeiros, que, ignoram seu veículo e param há alguns metros à frente. Tentando
se manter em pé, ele tenta fazer um sinal a eles, é quando percebe o que
realmente aconteceu. No meio de toda aquela confusão, percebe um corpo caído,
imóvel, possivelmente sem vida à frente. Nota também, que há alguns metros
deste corpo há uma bicicleta totalmente destorcida. Completamente destruída.
Então ele se desespera.
Não sabe o que fazer. Só tem certeza de uma coisa; É o responsável por toda a
tragédia à sua volta. Apesar de saber que não tinha a intenção, sente-se um
assassino. Sente-se um monstro que acabara de destruir uma vida, talvez,
várias. Quantas vidas foram destruídas naquele momento? Quantos sonhos se
esvaeceram? Quanto sofrimento, quanta dor ele acabara de causar?
Caindo de joelhos ele
chora. Reza. Pede perdão. Pede para voltar no tempo, mesmo sabendo, que não tem
volta. As cicatrizes daquela noite ficarão na alma de muitas pessoas,
principalmente na dele, para sempre. Para sempre.
Marc Souza
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