terça-feira, 15 de outubro de 2013

O MEDROSO



Quando eu era adolescente eu morava em um bairro bem afastado da cidade, mais ou menos três, quatro, kilômetros, sendo que, destes, havia uns oitocentos metros sem casas e qualquer tipo de iluminação. Era um caminho de terra e mato.
Num belo dia eu e meus amigos fomos para a cidade a noite, chegando lá, encontrei-me com outros amigos.
De repente, de madrugada, percebi que meus amigos, aqueles que moravam no meu bairro, já haviam ido embora.
Naquele momento, estremeci.
Afinal, eu nunca havia ido embora sozinho à noite, além do mais eu sempre fora uma pessoa muito medrosa.
Minhas pernas começaram a tremer, meus braços também.
Pensamentos ruins começaram a povoar a minha mente.
Minha imaginação e que imaginação começou a trabalhar a todo vapor.
Que medo!
Que desespero!
Fantasmas, monstros, lobisomens, personagens dos mais insólitos da literatura de terror começaram a me fazer companhia.
Procurei, procurei, mas não encontrei uma alma viva sequer para me acompanhar.
Não tinha jeito, eu teria que enfrentar meus fantasmas, meus medos.
Então resolvi ir embora, afinal, se aguardasse o amanhecer minha mãe me matava.
Sem alternativa, pus-me a caminhar.
No começo foi tudo bem, apesar de ser madrugada a rua ainda tinham um pequeno movimento, mas, as luzes foram rareando, o movimento idem e, mais rápido do que esperava cheguei à pior parte.
Era uma escuridão só.
Travei.
Um gelo percorreu meu corpo.
Um frio subia pela minha espinha.
Meu coração começou a bater mais forte e rápido.
O desespero tomou conta de mim.
Minha respiração ficou tão ofegante ao ponto de me faltar o ar.
Mas, eu não tinha opções, então num arroubo de coragem e desespero, principalmente desespero, comecei a caminhar rapidamente pela escuridão, quase correndo.
O medo que eu sentia era tamanho que nem olhava para os lados ou para frente somente rezava para que o caminho terminasse o quanto antes.
Foi aí que algo estranho aconteceu, já no meio do caminho uma imagem fantasmagórica surge a minha frente.
Quase enfartei, senti meu coração chegar à boca, o frio que eu sentia quase me congelou.
Meus piores pensamentos vieram à tona, meus maiores medos surgiram com uma força devastadora.
Corri.
Corri feito louco.
Corri tanto que nem percebi quando a escuridão se dissipou.
Corri tanto que só parei ao chegar a minha casa.
Trancando a porta senti-me protegido, calmo.
Nesta noite dormi um sono agitado, pesadelos rondaram a minha mente.
Acordei cansado e ainda assombrado pelo o que acontecera, mas, como estava atrasado para o trabalho, nem me dei ao luxo de pensar sobre o ocorrido, além do mais, eu teria de passar novamente pelo local.
Era dia, mesmo assim, me encontrava um tanto assombrado e inseguro, mas, como, novamente não havia outra alternativa lá fui eu, quase urinando nas calças, então, qual foi a minha surpresa ao chegar no local exato dos fatos, deparei-me com um cavalo branco deitado, o cavalo ao me ver levantou-se saindo lateralmente do caminho para que eu passasse, neste momento não me contive e caí na gargalhada.


Marc Souza

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