Era o dia mais feliz da
sua vida. O marco da sua mudança de vida, pois, era o seu primeiro dia de
trabalho.
Levantou-se
bem cedo, tomou um belo banho, colocou sua melhor roupa, e saiu.
Feliz.
Realizado.
“Agora
tudo vai mudar para melhor” – pensou.
“Minha
vida vai ser outra, o sofrimento, acabou”.
No
caminho, imaginava como seria seu primeiro dia de trabalho.
Imaginava
seus companheiros, seu chefe, a empresa.
Pensava
em trabalhar muito e se dedicar ao máximo, pois, queria vencer. Buscar novos
horizontes. Crescer dentro da empresa. Não queria ser mais um, queria ser
alguém.
No ônibus, pensava em
pedir a mão de sua namorada em casamento. Era o que mais desejava nesse
momento. Casar. Ter filhos. Ter uma vida em comum com a pessoa que mais amava.
E como ela amava sua namorada. Amava-a mais do que a si mesmo, pois, devia sua
vida a ela. Ela foi a responsável por tirá-lo da criminalidade. Do caminho de
crimes e violência em que vivia.
No caminho para o
serviço se lembrava da época em que era traficante. Dos roubos e seqüestros em
que participara. Das cenas de violência em que protagonizara somente para se
divertir, ou para demonstrar força frente aos inimigos.
Lembrava-se também, do
dia que a vira pela primeira vez, e, se apaixonou. No dia em que sua vida foi
mudada, para sempre.
Deste dia em diante ele
largou tudo. Começou a freqüentar a igreja. Voltou a estudar. Resolveu
trabalhar.
A pressão para que ele
voltasse para a criminalidade foi muito grande, mas seu amor falou mais alto.
Mas, ele foi forte. Persistente. Não voltou e, agora, estava com a vida
totalmente mudada, indo para o seu primeiro dia de trabalho.
Desceu do ônibus,
respirou fundo tentando controlar a ansiedade e pôs-se a andar. Agora faltava
poucos metros para chegar à empresa. Para o tão sonhado primeiro dia de
trabalho.
De repente tiros. Tiros
por todos os lados. As pessoas, apavoradas, correm de um lado para outro,
procurando abrigo. No meio do fogo cruzado, não sabe o que fazer. A rua está um
caos.
Carros de civis param,
fazendo manobras retornando na contramão, apavorados. Ele corre, então, sente
que foi atingido por algo, perde o equilíbrio e cai inconsciente.
A última imagem que vê é
sua namorada beijando-o apaixonadamente antes da partida para o trabalho.
No chão, já sem vida,
esboça um tímido sorriso.
Enquanto as pessoas passam correndo,
desesperadas, sem, sequer, notarem sua presença.
Marc Souza
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