sábado, 9 de novembro de 2013

RETALHOS



            - Meu amor, eu, eu, estou grávida! Muito legal não?
            - Você...Você está grávida?
            - Estou...Não é maravilhoso?
            - É... É... É sim.
            - Então, quando vamos...
            - Depois a gente fala sobre isso. Agora venha cá!
            Dias depois ele sumiu sem deixar vestígios de para onde foi.


            - É uma menina! – disse o médico ao realizar uma ultra-som.
            - Uma menina???
            - Sim, uma menina.
            - Tomara que venha com saúde doutor, afinal, terei que cuidar dela sozinha.
            - E o pai da criança?
            - Ele sumiu Doutor...Sumiu...
            - Como assim?
            - Quando descobriu que eu estava grávida ele simplesmente foi embora.
            - Mas vocês...
            - Namorávamos há cinco anos...Eu acreditava muito nele...Muito mesmo.


            Uma criança chora.
            - Mamãe, é uma menina, uma bela menina.
            - Posso vê-la, Doutor?
            - É claro, minha filha!
            A menina é colocada em seus braços, emocionada a mãe a beija com muito amor e carinho e chora.


            Festa de aniversário.
            Todos cantam.           
- Parabéns pra você, nesta data querida...
            É seu primeiro aniversário, a mãe trabalhou muito para que fosse realizada essa festa.
            No local há muitas crianças, felizes.
            Bolos, refrigerantes, cachorros quentes, doces, tudo foi comprado com muito amor.
            - Te amo mamã... – diz a criança ainda não sabendo soletrar as palavras corretamente.
            - Eu também, filha...Sua mãe também te ama muito – diz a mãe emocionada.


            - Eu tenho o direito de vê-la, afinal, sou o pai.
            - Você perdeu esse direito quando nos abandonou, seu...Seu....
            - Seu o quê?
            - Olha eu não quero nem saber, mas a minha filha você não vai ver nunca. Você nos abandonou e agora aparece dizendo que quer ver a minha filha, você não é nada dela, nada.
            - Sou o pai...Me desculpa...Eu sei que você ta chateada, mas eu era muito imaturo.
            - E agora você mudou não é?
            - É! Eu mudei...Eu sei que não fui nem um pouco honesto com você, muito menos com a nossa filha, mas, mas eu quero mudar essa história eu quero ser um pai para ela.
            - Eu não quero que você nem chegue perto da minha filha, eu sofri muito para cuidar dela, passei fome, passei dificuldades, mas agora ela está aí, bonita com saúde, feliz...E nunca precisou de um pai...Você sabia que ela nunca perguntou pelo inútil do pai dela...Vai ver ela sempre soube no seu íntimo, que você nunca valeu nada...Que você só me usou...
            - Eu não te usei...Eu...Eu me arrependo muito do que eu fiz...Por favor, me perdoa...Eu quero dar meu nome para ela, eu quero fazer parte da vida dela...Eu quero te ajudar a cuidar.
            - Ora...Ora...Depois de cinco anos você me aparece do nada, e diz querer me ajudar a cuidar da minha filha. Por favor, mas eu gostaria que você fosse embora...Fosse para o lugar de onde você saiu...Lugar de onde você não deveria ter saído...Agora por favor, suma da minha frente...Ou...
            - Ou????
            - Por favor, saia daqui!!!!
            - Eu vou lutar pelos meus direitos...Afinal eu tenho o direito de ver a minha família...Eu tenho direitos de participar de seu crescimento, da sua vida...
            - Agora você vem me falar em direitos, você nos abandonou, nunca veio atrás de saber como estávamos, ou melhor, nunca se quer quis saber de como a sua filha estava. Quando ela ficou doente, quando nasceu seu primeiro dente, quando ela cortou seu cabelo pela primeira vez, quando ela disse sua primeira palavra. Você nunca quis saber de nada. Você quantas vezes passei as noites em claro, cuidando da minha filha.
            - Nossa...
            - Cale-se...Você nem sabe o que é ter um filho.
            - Mas...
            - Saia daqui...Agora....
            - Eu vou lutar pelos meus direitos, você pode ter certeza disso.
            Após dizer isto ele sai.


            Dia depois um oficial de justiça para defronte a casa.
            Bate palmas, mas não sai ninguém.
            O oficial insiste, mas nada, a casa está fechada.
            - Eles mudaram – diz uma vizinha.
            - Você poderia me dizer para onde? – pergunta o oficial.
            - Sei não...Sei não.


            Em uma cidade distante ela novamente recomeça a sua vida, longe de tudo, da sua família, de seus amigos, mas com a coisa mais preciosa de sua vida, sua filha.
            A quem tanta ama. A quem sempre cuidou. Pensa nos que deixou, mas se alegra, pois, onde está, ninguém nunca poderá tirar sua filha de si.
            Em seu íntimo está muito feliz, pois, fez da mesma maneira que seu namorado. Sumiu.Só que ela não voltará jamais...



Marc Souza

3 comentários:

  1. Isso acontece todo o dia. Infelizmente.

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  2. Achei errada a atitude dela. A menina poderia revoltar-se no futuro, pois a mãe fez uma escolha por ela com a qual ela poderia não concordar!
    Bom texto!
    Bom domingo!

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  3. a mágoa fez com que ela, também errasse, afinal, quem vai perder é a criança...
    Bom texto parabéns!!!

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