- Olá meu amor! Tudo bem?
-
Tudo, e você? Como foi o seu dia?
-
Muito bem! Obrigada!
-
Ana, temos que conversar!
-
Aconteceu algo? Você está tão, sério.
-
Não aconteceu... Quero dizer... Sim... Aconteceu...
-
Aconteceu ou não aconteceu? Você está me deixando nervosa.
-
É que... É que...
-
Vamos! Diga logo que está acontecendo. Ou o que aconteceu.
-
Bem... É que... Eu pensei muito... Muito mesmo... E... E... Eu quero me
separar...
-
Separar? Até que enfim. Olha vou dizer, essa é a melhor coisa que poderia
acontecer.
-
Quer dizer que você concorda?
-
É claro! Meu amor é claro que concordo com você. Olha já tem alguns dias que eu
quero lhe falar sobre isso.
-
Verdade!?
-
É...
-
É que eu pensava...
-
Olha ainda bem que entramos neste assunto, posso dizer o que eu acho?
-
Claro!
-
Eu acho que essa sociedade sua e do seu irmão não está mesmo dando certo. É
sempre assim, você se mata de trabalhar e ele, não faz nada, absolutamente
nada. Olha eu achei que você nunca iria cair na real. Mas, Deus é grande. Se é.
Você já falou com ele? Ou estava esperando falar comigo primeiro? Pode ficar
tranqüilo que eu vou te dar todo o apoio que precisar. Todo o apoio.
-
Ana, eu sinto muito, mas não é isso que eu quis te dizer.
-
O quê?
-
Não sobre a minha sociedade com meu irmão que estou falando... É sobre a nossa
sociedade... Desculpe... Eu... Eu sinto muito.
-
Espera aí! Eu não estou entendendo aonde você quer chegar.
-
Ana, eu não quero chegar em lugar algum, eu já cheguei. Me desculpe mas eu
quero me separar de você.
-
O que? Você quer dizer que o nosso namoro acabou? Você quer a nossa separação?
- É isso mesmo.
- Você não pode... Não
pode... Tá ouvindo?
-
É claro que posso... Desculpe Ana, mas acabou... Você não sabe como eu estou me
sentindo, mas, infelizmente não dá mais. Infelizmente. Eu tenho que ir
embora... Mas uma vez, desculpe... Eu vou te deixar.
-
Seu... Seu... Seu filho de uma...
-
Hoje... Ana eu vou embora hoje.
Ela
começa a chorar.
-
Você não pode fazer isso. Seu mentiroso, você disse que me amava. Lembra você
disse que me amava... Desgraçado, você não pode me deixar.
-
Posso. Não só posso, como vou. Ana, seria injusto de minha parte ficar com
você, sabe por quê? Eu não a amo mais. Eu gosto muito de você. Gosto tanto que
não quero, de modo algum, te enganar. Te machucar ainda mais. Por isso, eu
estou tendo esta atitude com você, é o mínimo que posso fazer. Por você e por
mim.
-
Não... você não pode... Não pode me deixar... Eu te amo... Te amo...
Ela
o agarra e o beija, mas seus beijos não são correspondidos. Ele está frio, e
tenta a todo custo se desvencilhar dela. Nervosa, ela começa a bater-lhe no
peito.
-
Filho da mãe! Desgraçado! Eu te odeio! Eu te odeio!
Ele
pega-a pelos braços e a leva para a cama, onde a deixa, deitada, chorando.
Depois pega sua mala, que já estava pronta e vai embora.
Dias
depois.
-
Alô, é o Paulo... Sim Ana... Posso sim... Ta... Ta... Às oito... Combinado...
Até mais...
A
campainha toca. Excitada Ana corre até a porta e a abre, Paulo a aespera com um
buquê de rosas.
-
Que bom que você veio! Obrigada pelas flores, estas são as minhas preferidas.
Ah! Desculpe a minha falta de educação, entre, por favor.
Feliz,
ela pega o buquê, enquanto Paulo entra e se no sofá.
-
Eu te convidei para jantarmos e decidirmos o que fazer com essas coisas,
afinal, tudo que esta aqui dentro deste apartamento, é nosso, não é verdade?
-
Bem, é verdade, mas, eu não me importo, afinal, fui eu quem decidiu sair.
Desculpe!
-
Não tem problema... O jantar já esta pronto, vamos aproveitar que esta tudo bem
quentinho?
-
Nem precisar falar duas vezes. Eu estou morrendo de fome.
Ambos
comem e conversam animadamente. Então, logo após o jantar.
-
Olha, tudo estava maravilhoso! Divino! – Paulo está um pouco embriagado – Como
sempre... Como sempre...
-
Obrigada pelos elogios. Eu fiz esse jantar especialmente para você.
Ana
chega bem próxima a Paulo, seus lábios quase tocam os dele. Seus olhares
fixam-se um ao outro.
-
Eu te amo – diz Ana.
Paulo
reluta e, quebra o clima.
-
Desculpe Ana, mas, eu tenho que ir. Tenho um compromisso...
-
Está cedo, afinal, nem conversamos a respeito da nossa separação. Da divisão
dos bens. Enfim...
Paulo
esta desconcertado. Não sabe o que fazer. Por isso, tenta a todo custo sair da
casa. Deixar o local antes que perca a cabeça.
-
Outro dia... Outro a dia a gente conversa...
-
Mas...
-
Vou embora, ta bem? Até logo!
Paulo
vira-se e se encaminha até a porta.
-
Então ta. Outro dia a gente... - diz Ana desconcertada.
-
Conversa... Agora deixe-me ir. Muito obrigado pelo jantar. Obrigado mesmo.
-
Não tem de quê!
Na
porta eles ficam novamente frente a frente. Ao dar um beijo de despedida no
rosto de Ana ela se vira fazendo com que ele beije a sua boca.
De
repente o instinto fala mais alto e Paulo desiste de ir embora e se entrega
loucamente ao desejo.
Na
manhã seguinte ambos estão deitados na cama. Enquanto Paulo sente-se
constrangido, Ana sente-se bem, satisfeita, feliz.
-
Ana, eu tenho que me desculpar por ontem à noite. A gente não devia...
-
Não se preocupe com isso. Aconteceu. Somos adultos e podemos muito bem viver
com essa situação. Além do mais, esta não foi a nossa primeira vez. Não é
verdade?
-
É que... É que...
-
Esquece. Você não me deve qualquer tipo de satisfações, tampouco eu a você.
-
Então deixa eu ir, já esta tarde e eu preciso ir trabalhar.
-
É... Eu também preciso.
-
Então... A gente se vê.
-
A gente se vê.
Dois
meses se passaram e Paulo e Ana não mais se viram.
Até que...
Paulo
atende ao telefone é Ana que esta do outro lado da linha.
-
Oi, tudo bem? Olha me desculpe por não ter mais entrado em contato com você, é
que eu estou trabalhando muito sabe, estou sem tempo.
Ana
está nervosa.
-
Poupe-me de suas desculpas, ambos sabemos o porquê, de você não ter mais
entrado em contato comigo, não é verdade?
-
Você esta nervosa? Sabe Ana é que...
-
Eu estou grávida.
-
O que?
-
Isso mesmo que você ouviu, eu estou grávida.
-
E?
-
O filho é seu.
-
Meu?
-
Exatamente. O filho que eu estou esperando é seu.
-
Ana, sinto muito, mas, eu nem sei o que dizer. Eu não esperava por isso. Pai,
eu? Não acredito. Nem sei o que dizer. Eu estou surpreso. Muito surpreso. Como foi isso? Quero dizer, olha Ana me
desculpe, mas já faz alguns meses que agente, não... Você sabe... A gente
não...
-
Você se lembra daquele jantar...
-
Lembro, é claro que lembro. Mas você não tomava remédio.
-
A gente havia se separado e, eu não estava mais tomando. Você sabe muito bem as
reações que eu tenho ao tomá-los.
-
Olha... Desculpe é que eu fui pego de surpresa... Meu Deus! Nem sei o que
dizer... Nem sei...
-
Diga que pelo menos vai assumir o seu filho.
-
Mais isso é claro. É claro que eu vou assumir. Um filho! Vou ser pai! Não
acredito. Olha você pode contar comigo.
-
E que vai casar-se comigo.
-
Ana eu não posso, é que... Eu... Eu vou te ajudar no que for preciso, e mais um
pouco, mas casar eu não posso... Sinto muito mas, não posso. Definitivamente...
Eu...
-
Meu pai está vindo do interior, para conversar com você e adiantar todos os
detalhes do nosso casamento. Ele esta furioso, mas eu disse que você é um cara
legal e que não fugiria das suas responsabilidades. Nem comigo, nem com o bebê.
-
Ana... Deixa eu falar... É que...
-
Ele quer que casemos o quanto antes. Ele não quer ver a filha casar barriguda.
Ele é bem careta quanto a isso. Ele quer me ver casando de branco. Como uma
virgem, você acredita? Eu disse a ele que a gente nem precisava casar. Que a
gente ia voltar a morar juntos. Mas, ele nem quis saber. Disse que não quer ter
uma filha amasiada. Quer tudo como manda o figurino. Ele é de família conservadora,
ele quer preto no branco, então fazer o quê né? Dei a mão a palmatória e
aceitei as suas condições.
-
Mas eu estou...
-
Eu sei que você esta feliz sozinho, eu também estou muito feliz. Mas você
sabe...
-
Eu Ana, eu estou namorando. Por isso não posso me casar com você.
-
Pode sim! Claro que pode. Sabe de uma coisa diga para a vagabunda que esta
saindo com você, que você já tem uma dona. Diga que você vai ser papai.. Diga
que você vai ter um lindo filho com a pessoa que você ama.
-
Ana eu não posso, eu gosto...
-
Gosta de mim! Você me ama! Ouviu! Você me ama! Essa fase de dúvidas já passou.
Ana
desliga o telefone, Paulo fica do outro lado da linha segurando o fone, como se
continuasse a falar com ela, esta assustado, não acredita no que ouviu.
Dias
depois eles se casam em uma bela igreja do interior do estado, tudo como manda
o figurino, muitos convidados, a noiva linda trajando um belíssimo vestido
branco e...
E...
E foram infelizes para
sempre.
Marc Souza
Muito bom, Marc
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