- Definitivamente não acredito que estou fazendo isso!
- Por quê? O que há de mal no que você esta fazendo?
- Você sabe muito bem! Sabe de uma coisa? Eu desisto! Vamos embora e
desistir dessa loucura, imediatamente.
- De jeito algum! Você prometeu, agora vai ter que cumprir.
- Mas...
- Não tem, nem mais, nem menos, promessa é dívida, agora não dá pra
desistir mais, você prometeu.
- Mas, é que... É que...
- Você não é homem não?
- Claro que sou, o problema é que eu não acredito que esta seja uma boa
idéia, já tentamos fazer isso antes, e...
- E?
- E não deu certo. Você sabe disso. Tão bem quanto eu.
- Bobagem!
- Vamos desistir? Heim? Vamos deixar isso pra lá? Sabe, esquecer essa
idéia, maluca por sinal.
- Não!
- Ainda dá tempo. Vamos embora, antes que a situação fique irreversível. Vamos
sair daqui de mansinho, antes que alguém perceba nossa presença.
- Não!
- Vamos lá... Por favor! Ninguém, nos viu, vamos embora, e acabou,
entendeu, a gente enterra essa estória toda.
- Já disse que não.
- Então ta. Depois não diz que eu não avisei, ta legal. A
responsabilidade é sua, ok? Toda sua.
- Para. Para. Já estou cansada das suas reclamações. Ta louco. Pra mim
promessa é dívida, portanto, já que você prometeu, vai ter que cumprir, eu
estou cobrando agora, ta legal? Agora!
- Mas, você tem certeza, que, que, quer fazer isso?
- Tenho!
- Você tem certeza mesmo? Olha, é a ultima oportunidade que lhe dou para
que você mude de idéia, daqui a pouco, não da mais para voltar atrás, daqui a
pouco estaremos entrando num caminho sem volta. Entendeu? Sem volta.
- Eu já disse...
- Pense bem, pense muito bem, daqui a pouco não poderemos mais, voltar
atrás, e ai, tudo pode mudar, para pior, é claro. Pense bem, você realmente quer
continuar, ou prefere, como eu, desistir dessa idéia estúpida. Você tem cinco
minutos, não mais que isso, afinal...
- Não precisa.
- O que?
- Eu não preciso desses cinco minutos, para pensar, eu sei muito bem o
que quero. Desista! Você não vai conseguir me persuadir, já estou decidida, e, não
tem mais volta, então, por favor, pare de gastar seu português para me fazer
mudar de idéia, não vai adiantar, entendeu? Não vai adiantar.
- Olha são cinco minutos, você pode refletir muito bem, e depois...
- Eu já disse.
- Olha, não custa nada, você pensar esses cinco minutinhos, além do mais,
como diz aquele ditado, cinco minutinhos cinco minutinhos a menos. Não vai
fazer diferença alguma, não é verdade? Portanto, por que desperdiçar esse tempo
tão precioso. Tempo este que poderá mudar toda a nossa estória, não é verdade?
- Eu não agüento mais. Para! Por favor! Para!
- Então... Então ta! Já que... Já que, você tem certeza, vamos lá. Vamos
fazer. Posso te pedir algo então?
- Hã???
- Você poderia esperar um pouco.
- Não estou entendendo?
- Esperar um pouco... Só um pouquinho... Um tantinho assim... Sabe o que
é... É que...
- Para de enrolar, e vamos logo.
- Ta, ta, mas não dá mesmo pra esperar, é só um instantinho, para eu
tomar coragem, sabe.
- Eu não agüento mais você tentar me enrolar, eu vou fazer, e é agora,
agorinha mesmo. Nada de esperar, entendeu? Nada de esperar.
- Ta bom, ta bom, então, aperta logo esta droga de campainha.
A porta é aberta.
- Oi filha – abraços - que bom que você veio, estava morrendo de saudades.
- Olá mamãe, tudo bem com a senhora, também estava com saudades.
- Olá... Sogrinha...
- Comigo estava bem, pelo menos até você trazer para cá este traste, você
tinha mesmo que trazer, essa... Essa, coisa para cá.
- Mamãe, eu já disse para a senhora, ele é meu marido, e apesar de tudo,
eu amo ele, a senhora tem que entender, e aprender a amá-lo também.
- Não disse que não ia dar certo?
- Por que você não fica quieto, seu bundão. Nem pensar filha, só você
mesmo para amar um traste como esse aí. O seu inútil, feche a porta aí, e não
vai ligando a TV para assistir futebol não heim, eu odeio futebol, odeio você
também, mas amo minha filha, por isso te tolero, então, não folga não heim, não
folga não.
- Depois, não vai dizer que eu não disse nada.
- E não fica resmungando não.
- Mamãe!!!!
Marc Souza
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