Pardal era uma pessoa muito feia, aliás, dizer que ele era feio era um
elogio, dos grandes. Da sua turma, era o único que nunca namorara. Apesar dos
seus vinte e três anos ele ainda era virgem.
Já Helena era linda. Maravilhosa! A mulher
mais bonita da cidade. A mais cobiçada. A mais desejada.
Pardal como dito, não namorava
ninguém.
Helena namorava Elivelton, que,
namorava a cidade toda.
Helena amava Elivelton, que, não
estava nem aí para Helena.
O amor de Helena a cegava, as amigas
diziam a todo o momento quem realmente era Elivelton, mas, para Helena, elas
mentiam para Helena elas tinham inveja dela, afinal, quem naquela cidade não
queria namorar Elivelton, rapaz, rico, bonito, simpático e outros adjetivos
mais.
Não havia amor maior no mundo que o
de Helena para Elivelton.
Apesar da reprovação por parte das
amigas, foi marcado o casamento de ambos, a indignação tomou conta de todas,
aliás, a indignação tomou conta de toda a cidade, que, pequena, todos sabiam
das escapadelas de Elivelton.
Dias antes do casamento houve um
baile na cidade.
Todos estavam lá, inclusive Pardal e
seus amigos, inclusive Helena e Elivelton.
Bem, a cidade inteira estava lá.
Era o acontecimento do ano.
De repente Elivelton some, Helena
sai à sua procura pelo salão encontrando-o aos beijos com Ester.
A raiva toma conta de si, que saí do
salão chorando, Elivelton nada faz, continua com Ester, agindo como se nada
tivesse acontecido.
Pardal caminha lentamente pelas ruas
mal iluminadas da cidade, está sozinho, a solidão o persegue e já está
conformado com isso, pois, toda noite é assim, saí com os amigos e no final da
noite, quando seus amigos se ajeitam com uma ou outra garota ele volta para
casa só.
Ao longe Pardal observa um vulto que
vem em sua direção a má iluminação dificulta sua visão por isso ele não
consegue precisar que é, um súbito frio lhe sobe a espinha, mas, ao se
aproximar do vulto nota que é Helena.
Pardal conhecia Helena, no entanto
nunca havia conversado com ela, estudaram juntos, freqüentavam os mesmos
locais, no entanto, nunca trocaram uma palavra sequer.
Helena era uma conhecida,
desconhecida.
Bem próximo a Helena, Pardal nota
que ela chora então tímido, diz:
- Desculpe Helena, mas, aconteceu
algo?
Helena pára, olha para ele e chorando
o abraça.
Helena chora copiosamente, Pardal,
sem saber o que dizer fica em silêncio.
Depois do primeiro contato, passam a
noite inteira conversando, se lamentando, a mulher mais bonita da cidade com o
homem mais feio, mas, nessa noite, eram duas pessoas que, cada um a sua
maneira, sofria.
Dias depois, começaram a namorar.
O namoro, caiu como uma bomba na
pequena cidade.
“Afinal o que Helena poderia querer
com Pardal?”
“Só podia ser se vingar de
Elivelton.”
“Só podia ser despeito.”
De repente, o namoro dos dois se
transformou em indignação.
A cidade inteira ficou indignada com
a atitude de Helena.
“Usar o Pardal desta maneira” -
diziam. “Só pode ser coisa de mau caráter”.
Ela começou a chegar xingada, a
principio veladamente, depois, passaram a evitá-la.
“Vagabunda”. “Ordinária” - diziam
sobre ela.
Mas, o novo casal não estava nem aí,
os dias se passavam e eles a cada dia se mostravam mais apaixonados e felizes.
Os dias se passavam e a cidade toda
estava esperando pelo fim do relacionamento, ou como muitos diziam, a pouca
vergonha orquestrada por Helena.
Uma nova noticia sobre o namoro de
Helena e Pardal, surgiu e, pois fogo na cidade, Pardal e Helena marcaram a data
do casamento.
A população saiu na rua, todos estavam mais que indignados. “Coitado do
Pardal, ele não merece tudo isso” - diziam.
Xingos, ofensas e até agressões sofreu Helena pela população, mas, Pardal
a defendia apaixonado.
“Tadinho”. “Que ingenuidade” - pensavam.
Tentaram de todas as formas demovê-lo da idéia do casamento, não entanto
não conseguiram, Pardal estava perdidamente apaixonado.
Quanto mais se aproximava a data do casamento mais a população se
excitava e se preocupava com Pardal.
“Tadinho, levar um fora logo no dia do casamento”.
“Também, será que ele não se enxerga, não vê que ela é muita areia para o
caminhão dele”.
“Vai sofrer, mas também, se ele procurasse alguém igual a ele”.
Helena e Pardal se casaram.
A população não os deixava em paz, em todos os cantos da cidade eram o
assunto principal.
“Tadinho casou com a bonitona agora vai ser corno o resto da vida”.
“Tadinho nada, quem mandou ele casar com ela”.
“Isso mesmo, não vai dar pra ele reclamar, afinal foi avisado”.
“Uma mulher daquela casada com estrupício daquele, que desperdício”.
Pardal não foi corno, teve sim quatro filhos, três meninas e dois
meninos.
Ele e Helena viveram anos e anos juntos e aos poucos a população foi se
esquecendo, mudando de opinião, começando assim, a elogiá-los.
Elogiá-los pelos exemplos que davam a sociedade, de casal sério, honesto,
comprometido, bons pais, bons esposos, boas pessoas.
Um casal feliz, que lutou e venceu preconceitos, um casal que se pode
dizer, foi feliz para sempre.
Marc Souza
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òtimo texto... magifíco
ResponderExcluirBela história de amor... Parabéns, Marc!
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