sexta-feira, 15 de novembro de 2013

ORGULHO E PRECONCEITO

         

Pardal era uma pessoa muito feia, aliás, dizer que ele era feio era um elogio, dos grandes. Da sua turma, era o único que nunca namorara. Apesar dos seus vinte e três anos ele ainda era virgem.
            Já Helena era linda. Maravilhosa! A mulher mais bonita da cidade. A mais cobiçada. A mais desejada.
            Pardal como dito, não namorava ninguém.
            Helena namorava Elivelton, que, namorava a cidade toda.
            Helena amava Elivelton, que, não estava nem aí para Helena.
            O amor de Helena a cegava, as amigas diziam a todo o momento quem realmente era Elivelton, mas, para Helena, elas mentiam para Helena elas tinham inveja dela, afinal, quem naquela cidade não queria namorar Elivelton, rapaz, rico, bonito, simpático e outros adjetivos mais.
            Não havia amor maior no mundo que o de Helena para Elivelton.
            Apesar da reprovação por parte das amigas, foi marcado o casamento de ambos, a indignação tomou conta de todas, aliás, a indignação tomou conta de toda a cidade, que, pequena, todos sabiam das escapadelas de Elivelton.
            Dias antes do casamento houve um baile na cidade.
            Todos estavam lá, inclusive Pardal e seus amigos, inclusive Helena e Elivelton.
            Bem, a cidade inteira estava lá.
            Era o acontecimento do ano.
            De repente Elivelton some, Helena sai à sua procura pelo salão encontrando-o aos beijos com Ester.
            A raiva toma conta de si, que saí do salão chorando, Elivelton nada faz, continua com Ester, agindo como se nada tivesse acontecido.
            Pardal caminha lentamente pelas ruas mal iluminadas da cidade, está sozinho, a solidão o persegue e já está conformado com isso, pois, toda noite é assim, saí com os amigos e no final da noite, quando seus amigos se ajeitam com uma ou outra garota ele volta para casa só.
            Ao longe Pardal observa um vulto que vem em sua direção a má iluminação dificulta sua visão por isso ele não consegue precisar que é, um súbito frio lhe sobe a espinha, mas, ao se aproximar do vulto nota que é Helena.
            Pardal conhecia Helena, no entanto nunca havia conversado com ela, estudaram juntos, freqüentavam os mesmos locais, no entanto, nunca trocaram uma palavra sequer.
            Helena era uma conhecida, desconhecida.
            Bem próximo a Helena, Pardal nota que ela chora então tímido, diz:
            - Desculpe Helena, mas, aconteceu algo?
            Helena pára, olha para ele e chorando o abraça.
            Helena chora copiosamente, Pardal, sem saber o que dizer fica em silêncio.
            Depois do primeiro contato, passam a noite inteira conversando, se lamentando, a mulher mais bonita da cidade com o homem mais feio, mas, nessa noite, eram duas pessoas que, cada um a sua maneira, sofria.
            Dias depois, começaram a namorar.
            O namoro, caiu como uma bomba na pequena cidade.
            “Afinal o que Helena poderia querer com Pardal?”
            “Só podia ser se vingar de Elivelton.”
            “Só podia ser despeito.”
            De repente, o namoro dos dois se transformou em indignação.
            A cidade inteira ficou indignada com a atitude de Helena.
            “Usar o Pardal desta maneira” - diziam. “Só pode ser coisa de mau caráter”.
            Ela começou a chegar xingada, a principio veladamente, depois, passaram a evitá-la.
            “Vagabunda”. “Ordinária” - diziam sobre ela.
            Mas, o novo casal não estava nem aí, os dias se passavam e eles a cada dia se mostravam mais apaixonados e felizes.
            Os dias se passavam e a cidade toda estava esperando pelo fim do relacionamento, ou como muitos diziam, a pouca vergonha orquestrada por Helena.
            Uma nova noticia sobre o namoro de Helena e Pardal, surgiu e, pois fogo na cidade, Pardal e Helena marcaram a data do casamento.
A população saiu na rua, todos estavam mais que indignados. “Coitado do Pardal, ele não merece tudo isso” - diziam.
Xingos, ofensas e até agressões sofreu Helena pela população, mas, Pardal a defendia apaixonado.
“Tadinho”. “Que ingenuidade” - pensavam.
Tentaram de todas as formas demovê-lo da idéia do casamento, não entanto não conseguiram, Pardal estava perdidamente apaixonado.
Quanto mais se aproximava a data do casamento mais a população se excitava e se preocupava com Pardal.
“Tadinho, levar um fora logo no dia do casamento”.
“Também, será que ele não se enxerga, não vê que ela é muita areia para o caminhão dele”.
“Vai sofrer, mas também, se ele procurasse alguém igual a ele”.
Helena e Pardal se casaram.
A população não os deixava em paz, em todos os cantos da cidade eram o assunto principal.
“Tadinho casou com a bonitona agora vai ser corno o resto da vida”.
“Tadinho nada, quem mandou ele casar com ela”.
“Isso mesmo, não vai dar pra ele reclamar, afinal foi avisado”.
“Uma mulher daquela casada com estrupício daquele, que desperdício”.
Pardal não foi corno, teve sim quatro filhos, três meninas e dois meninos.
Ele e Helena viveram anos e anos juntos e aos poucos a população foi se esquecendo, mudando de opinião, começando assim, a elogiá-los.
Elogiá-los pelos exemplos que davam a sociedade, de casal sério, honesto, comprometido, bons pais, bons esposos, boas pessoas.
Um casal feliz, que lutou e venceu preconceitos, um casal que se pode dizer, foi feliz para sempre.


Marc Souza

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