DE
REPENTE MÃE
Ao
ver tão bela criatura emocionou-se. Dos seus olhos desceram as mais sinceras
lágrimas. Estava feliz. Realizada. Aquele sem dúvida era o dia mais feliz da
sua vida. O mais importante também. O ciclo da vida se completara e ela era
parte integrante.
Como
sou feliz – pensou. Como sou feliz.
Aquele
ser pequenino com os olhos fechados era parte de si. Sangue do seu sangue.
Carne da sua carne. Naquele momento descobrira que não morreria jamais. A
semente plantada fora fecundada. E ela dera a luz àquele ser, lindo à sua frente.
De
repente era fora tomada por uma angustia muito grande. Um medo quase que
incontrolável.
De
repente sentiu todo o peso do mundo em suas costas. E, o que era pior, não
sabia que teria condições de carregá-lo. Não sabia se teria forças para vencer
todo o medo e insegurança que sentia.
Ao
olhar aquele belo ser tão, tão inocente. Tão indefeso. Teve vontade de chorar,
de correr. Teve vontade sumir dali. Não que não amava seu filho. Amava-o mais
que tudo na vida. Por isso temia. Por isso estava desesperada.
Não
era capaz. Não era capaz.
Por
um momento pensou um fugir. Pensou em sair dali sem olhar para trás. Deixar que
alguém mais capaz que ela cuidasse do seu filho. Faria isso por amor. Queria o
melhor para o seu filho. E não achava que ela poderia dar-lhe o melhor. Naquele
momento, respirou fundo e olhou ternamente, como se despedisse dele. Abençoou-o
quando alguém chegou ao seu lado.
-
Eu... Eu não sei se consigo – disse ela para a pessoa recém chegada – Não sei
se sou capaz. Ele é lindo, mas tão... Tão indefeso, que tenho medo. Tenho medo
que...
-
Não se preocupe - interrompeu a mulher – Você acabou de se tornar mãe. Uma
verdadeira mãe.
As
palavras da mulher tomou conta de todo o seu ser, então ela entendeu todo o
medo que sentia. Entendeu o porquê de tudo. E chorou. Chorou de alegria, pois,
teve a certeza de que conseguiria.
Teve
a certeza de que àquele medo que sentia era natural, pois, toda a mãe sentia
aquele medo. Aquela insegurança. E descobriu que a cada dia, a cada mês, a cada
ano aquele medo somente faria aumentar. Era mãe. E sempre, sempre temeria por
ele. Mas sempre, sempre faria o melhor e com medo ou sem medo realizar-se-ia
para sempre.
Marc Souza
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