sexta-feira, 23 de agosto de 2013

DE REPENTE MÃE


DE REPENTE MÃE


Ao ver tão bela criatura emocionou-se. Dos seus olhos desceram as mais sinceras lágrimas. Estava feliz. Realizada. Aquele sem dúvida era o dia mais feliz da sua vida. O mais importante também. O ciclo da vida se completara e ela era parte integrante.
Como sou feliz – pensou. Como sou feliz.
Aquele ser pequenino com os olhos fechados era parte de si. Sangue do seu sangue. Carne da sua carne. Naquele momento descobrira que não morreria jamais. A semente plantada fora fecundada. E ela dera a luz àquele ser, lindo à sua frente.
De repente era fora tomada por uma angustia muito grande. Um medo quase que incontrolável.
De repente sentiu todo o peso do mundo em suas costas. E, o que era pior, não sabia que teria condições de carregá-lo. Não sabia se teria forças para vencer todo o medo e insegurança que sentia.
Ao olhar aquele belo ser tão, tão inocente. Tão indefeso. Teve vontade de chorar, de correr. Teve vontade sumir dali. Não que não amava seu filho. Amava-o mais que tudo na vida. Por isso temia. Por isso estava desesperada.
Não era capaz. Não era capaz.
Por um momento pensou um fugir. Pensou em sair dali sem olhar para trás. Deixar que alguém mais capaz que ela cuidasse do seu filho. Faria isso por amor. Queria o melhor para o seu filho. E não achava que ela poderia dar-lhe o melhor. Naquele momento, respirou fundo e olhou ternamente, como se despedisse dele. Abençoou-o quando alguém chegou ao seu lado.
- Eu... Eu não sei se consigo – disse ela para a pessoa recém chegada – Não sei se sou capaz. Ele é lindo, mas tão... Tão indefeso, que tenho medo. Tenho medo que...
- Não se preocupe - interrompeu a mulher – Você acabou de se tornar mãe. Uma verdadeira mãe.
As palavras da mulher tomou conta de todo o seu ser, então ela entendeu todo o medo que sentia. Entendeu o porquê de tudo. E chorou. Chorou de alegria, pois, teve a certeza de que conseguiria.
Teve a certeza de que àquele medo que sentia era natural, pois, toda a mãe sentia aquele medo. Aquela insegurança. E descobriu que a cada dia, a cada mês, a cada ano aquele medo somente faria aumentar. Era mãe. E sempre, sempre temeria por ele. Mas sempre, sempre faria o melhor e com medo ou sem medo realizar-se-ia para sempre.

Marc Souza





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