sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O CELULAR



Estava muito feliz pelo presente que dera a si mesmo. Havia muito tempo sonhara com um presente desses, agora ele se tornara uma realidade. O sonho fora realizado.
De agora em diante ele também teria um desses celulares de causar inveja às pessoas. Um celular de última geração, destes que são usados nos países mais adiantados tecnologicamente, como Estados Unidos e Japão.
Um celular à prova d’água, internet de última geração, anti-risco, com comandos de voz, destravamento por íris, enfim, um celular completo. Um celular de última geração, destes utilizados nos filmes de ficção científica.
Seu orgulho era tamanho que nem deixou a vendedora embrulhar o presente. Ficava namorando-o. Olhando-o apaixonadamente. No carro colocou no banco do carona ao lado do celular velho e, a cada parada, olhava-os comparando os dois.
“Que lixo eu tinha” pensava. “Nem sei como eu não tinha vergonha de andar por aí com um celular desses, tão... tão feio. Horrível.”
O sinal estava vermelho. Ao parar o carro percebeu que uma mulher que estava no carro do lado estava olhando-o. Era uma mulher linda. Tão linda que o deixou hipnotizado. Não conseguia desviar o olhar. Estava apaixonado.
“Meu Deus!” – ele pensou – “Que mulher linda!” “O que eu faço, o sinal vai abrir e eu não posso perdê-la.”
Então veio à sua mente uma idéia genial. Quando o sinal abriu ele jogou um de seus celulares dentro do carro dela, assim, quando chegasse em casa ele ligaria para ela, e marcaria um encontro, nem se fosse para ela devolver o celular.
Acelerou o máximo que pode. Queria chegar em casa o quanto antes para ligar para aquela que ele acreditava ser o seu amor.
Que dia maravilhoso, realizara seu sonho de consumo, e conhecera o amor da sua vida.
No entanto ao parar o carro na garagem não pôde acreditar no que viu; Foi quando percebeu que o celular que jogara no carro da mulher não fora o celular velho e sim, o novo, que nem chip tinha.

Marc Souz