“Ele
é muito feio. Horrível”. - pensou ela – “Meu Deus, onde ela arrumou um namorado
tão desconjuntado assim?” - continuou – “Eu sinto muito, mas, vou ter que ter
uma conversa séria com ela. Como serão seus filhos? Como serão os meus netos?
Se puxarem para ele, eu não sei nem o que dizer. Eu tenho que tomar uma atitude
antes que seja tarde demais”.
Aquela
era a primeira vez que vira o namorado da filha. E, como a primeira impressão é
a que fica. Estava decepcionada. Para ela, ele era muito feio. Estava aquém da
beleza de sua filha. Uma menina bonita, na verdade linda, que tinha um grande
futuro pela frente. Que poderia arrumar o namorado que quisesse. Mas aquele,
aquele não. Não poderia suportar as brincadeiras, e, principalmente os
comentários que as pessoas fariam da sua filha.
“Ela
é tão bonita mais com um namorado tão feio, tadinha”. “Aquele rapaz é mais feio
do que bater na mãe por causa de mistura na sexta feira santa.” “Se os filhos
deles puxarem ao pai, só por Deus para ter misericórdia deles.” “Será que ela
estava com tanto medo de ficar para titia que pegou o primeiro homem que
apareceu?”
Ela
teria que tomar uma atitude e livrar a filha daquela situação embaraçosa.
Deixou-os
na sala e foi pegar água na cozinha. Quando retornou disse para a filha.
-
Meu amor eu gostaria de falar-lhe. É um minutinho só.
-
É claro mamãe, espere só um pouquinho que o Tiago esta descrevendo para o papai
o tour que faremos pela Europa na nossa lua de mel. A senhora sabia que ele tem
uma casa na Toscana? E é sócio de um resort na Grécia?
-
Ah! – interrompe Tiago – Mas pode ficar tranqüila sogrinha que eu não vou tirar
a sua filha da senhora não. Meus negócios na Europa ficam sob a
responsabilidade do meu sócio. Eu cuido das empresas aqui do Brasil. Uma ou
duas vezes por ano a gente vai para a Europa, mas, é jogo rápido. Se quiser, a
senhora pode até ir conosco.
Ela
assentiu e sai. Volta para a cozinha para guardar a jarra e os copos, sua filha
entra em seguida.
-
Diga mamãe, o que a senhora queria falar-me?
A
mãe olha nos olhos da filha e, engole seco. Pensa algumas coisas que poderia
dizer. Mas, nada diz.
-
Não era nada não filha, esquece.
-
Mas a senhora...
-
Vá lá com o seu namorado, eu já estou indo.
-
Mãe?
-
Tá bom... Tá bom... – ela aperta a mão da filha firme, e olha diretamente em
seus olhos – Eu... Eu espero que você seja muito, muito feliz, filha. Você tem
a minha benção.
Lágrimas
descem dos olhos da filha que responde: - Obrigada mãe. Eu fico muito feliz que
tenha gostado dele, e que tenha me dado a sua benção – beija a mão da mãe e
sai.
Da
cozinha a mãe os observa na sala, conversando, felizes.
“Pensando
bem, ele tem até uma certa beleza, uma beleza peculiar. Exótica”
Marc
Souza